Foi assim, daquele jeito que nos pega de jeito.
Mas não foi assim tão sem jeito.
Foi rápido, não tive tempo de tomar alguma decisão pensada.
Rápido o suficiente pra testar minhas capacidades animalescas de reflexo
Aquelas que eu nem mesmo sabia que existiam em mim.
E descobri que eu era rápido
e descobri que não tinha descoberto muito de mim ainda
e olha que muito vivi – se é que assim posso dizer
Mas o que mais me intriga não foi não me conhecer
Não foi de não me conhecer. Não foi. Não foi! Não foi?
Foi.
E foi de repente.
Foi?
Ah! Foi!
Aquele sentimento vazio de incompletude
Se encheu do seu vazio
Do meu pensamento cheio de nada, da angústia da compulsão
Aquele impulso que pulsava, empurrava, empurrava! Empurrava!!
Me empurrava para o desconhecido, para o inexplorado,
E quanto mais eu lutava contra
Mais eu perdia, e me entregava lutando, me rendia ganhando.
Era uma guerra onde eu ganhava perdendo
Aquele túnel era pra cima, mas
Meu pensamento racional insistia em pregar a peça de que existia uma força que me atraia pra baixo.
E vi o túnel abaixo, mas ele parecia fluir pra cima.
Fui derretendo pelas unhas, mas elas são duras..
Como pode? Espera, é bom.. É bom! É bom? Derreter é bom! Sim, é bom…
E fui derretendo para o túnel
Parte de mim, sem brilho, descia túnel abaixo, e me deixei ir
Parte de mim, com brilho, subia túnel acima, e me deixei ir
E de repente, e não mais que de repente, me fui de mim mesmo
E de repente, e não mais que de repente, renasci em mim.
Com e sem brilho.
De repente.
Eu.